As Anarchicks não pareciam muito satisfeitas, ao vê-las à saída do palco, com cara de caso e a praguejar com dignidade. Compreenssível, estão a tocar em casa e do público receberam somente uma inverossímil condescendência. Certo é que existe uma grande diferença entre as duas bandas de hoje. Mas convenhamos, trata-se apenas de respeitar a música, e para tal, é preciso respeitar quem a faz independentemente do resto.
Longo intervalo após a curta actuação das portuguesas, a casa está bem composta e revela-se maioritariamente numa baixa faixa etária. Este conjunto brasileiro foi desde a fundação um fenómeno de popularidade, o único traço distintivo para com a maioria de bandas de ínicio similar é que elas continuam a pôr lenha na fogueira. E a chama está boa: seis anos no activo, quatro discos na bagajeira e fãs que enchem concertos um pouco por todo o mundo. Reboliço com Art Bitch na entrada das quatro miudas: Lovefoxxx (vocal), Luiza Sá (teclado, vocal), Ana Rezende (guitarra, teclado e gaita), Carolina Parra (guitarra, maquinaria), ao vivo acompanhadas pelo baterista Jon Harper. Logo de seguida disparam Move, hit do disco Donkey saído em 2011, a despoletar o primeiro momento alto e igualmente antevendo o segundo comHangover, single do recém lançado Planta.
A originalidade igualmente diz respeito a esta banda, para além do factor popular que as catapultou, é impossível estabelecer um rótulo para estas raparigas. Os bastantes fãs hoje presentes mexem os corpos ao som de vários ritmos que abraçam tanto o pop/rock como a electrónica, sempre revestidos da irreverência tipicamente Riot. Claro está que na Europa para uma banda brasileira, Portugal terá de ser um destino especial. Foi nessa linha que Lovefoxxx se apoiou quando falou para o público nos intervalos entre as canções. Houveram igualmente momentos slow com Honey e mais ainda em I Love You, onde se pode constatar que entre os convivas se encontram muitos casais de namorados.
No falso final é chamado o primeiro registo das brasileiras com a irreverente Music Is My Hot Hot Sex, que abre caminho à saída, realizada só após acender Dynamite proveniente do último registo. O regresso é feito com o super hit Alala, sem surpresas a edificar-se como o momento mais alto da actuação. O clima entusiasta prevaleceu intocável em I’ve Seen You Drunk Gurl, e, porque Portugal é um sítio especial, a sedução de Lovefoxxx termina em declaração, com o já engate consumado, com Superafim.