*The next station is… Morden. This train terminates here.*
E tiro os phones. Ainda falta apanhar o tram, foda-se. Esfrego os olhos de cansaço e ouço cá no fundo um piiiii meio mudo. Será istotinnitus? Valeu a pena sujeitar-me ao “Ageless”?
Por vezes pouco se pode fazer e resta-nos a sinceridade bruta. É daqueles discos em que não vale a pena ficar às voltinhas tipo cão que não sabe onde se aliviar. Os Call Of The Void não têm nada que os distinga particularmente. Imaginem-se a usar baggy jeans e a ouvir Puddle Of Mudd em 2015 e pode ser que percebam onde quero chegar. Porra, este já não é o ano do crust metálico com lápis-de-cor do Kurt Ballou (e este álbum nem sequer é produzido por ele, foi o Andy Patterson), nem dos irmãos siameses que os pais dos Trap Them deixaram à toa na Alfredo da Costa.
Então é mau? O irritante é que também não se pode dizer isso sem ficar com remorsos. Digamos que é entretido. Digamos que que é como este sábado o Tottenham – Arsenal. Por muito que os pubsencham e haja as parvoíces habituais entre os goons e os yids, toda a gente sabe que o jogo não conta para nada. Uau, conta para um playoff de acesso à Champions que o Southampton merece mais do que estes mancebos londrinos…
O “Ageless” acaba e eu fico a pensar se os Call Of The Void não serão os Gaza que se vendem nas feiras contrafeitas de Camden. Com o símbolo da Nike ao contrário. Crust-metallic-hardcore ainda sem bolor, mas já de côdea rija.