Quando em 2008 se estrearam com o EP Razor To Oblivion, os Black Breath soavam como se os Motörhead tivessem mergulhado num tanque de anabolizantes. Quem os ouve, quatro anos depois, percebe que a banda de Seattle está já longe desses tempos onde o rudimentar punk d-beat era nota dominante.

De lá para cá, os Black Breath mudaram a sua frequência para a Escandinávia e encontraram nos Entombed o modelo ideal. O seu primeiro longa-duração teve pêlo na venta e foi desde logo considerado um marco no “Entombedcore”, tag usada para rotular o chorrilho de bandas que, de há uns anos para cá, se têm inspirado naquelas brilhantes malhas do Wolverine Blues – acabando, quase todas, por ir gravar ao GodCity Studios do Kurt Ballou. Ora, este segundo álbum só confirma que os americanos estão “full of hell, all kinds of hell”, e prontos a prosseguir a sua caminhada pelos trilhos obscuros.

É que já não restam quaisquer dúvidas de que o death metal sueco é a cartilha por onde os Black Breath se regem. Sentenced To Lifeapresenta-nos um leque de riffs ainda mais agressivos, capazes de quase nos obrigar a revisitar a discografia dos Dismember ou dosGrave. E esta série de comparações não é mau sinal: é que os Black Breath conseguem dar aquele seu toque, feito do punk encrostado (também ele de inspiração sueca, vide Disfear ou Skitsystem) e de raízes hardcore incapazes de serem eliminadas. Está-lhes no sangue e, mesmo num disco onde elevam as coisas para o campo da bestialidade, o seu ADN não muda.

A belicosidade e robustez técnica que lhes faltou no início de carreira estão encontradas. Como músicos estão claramente melhores e isso reflecte-se tanto na composição, como na solidez de um Sentenced To Life que reúne as condições necessárias para se tornar um exemplo grande do híbrido entre o death metal sueco e o punk hardcore.