Titans não é um disco de vistas curtas. Há um ano que andamos a falar nele, nos seus convidados e que circulam rumores sobre o quão bons estão os Black Bombaim. Levantados os dois desafios de ascender à expectativa e de saciar as curiosidades sobre a eficácia dos novos riffs em concerto, os barcelenses também não estiveram com meias medidas: as suas propostas megalómanas tiveram resultados gigantescos. Está explicado o título do álbum – os “titãs” de que Adolfo Luxúria Canibal fala no lado A do disco são os colossos de Barcelos, com riffs maiores do que o baixo dos PAUS, que até emprestaram os teclados que fazem sentir coisas de Shela. Não há mães que cheguem para eles.
O primeiro lado é, de resto, a introdução perfeita para as novas forças dos Black Bombaim, que atacaram as novas malhas com o groove que já lhes é conhecido, mas que insistiram em injectar-lhes as doses de testosterona que a musculação na estrada consegue. Assim, temos uma lição de “Black Bombaim 101”, em que tudo o que a banda tem para oferecer está sintetizado pouco abaixo dos 20 minutos de duração e conta com a ajuda de alguns companheiros.
Ao longo do disco, estas viagens repetem-se, entre intensas descargas de riffarias violentíssimas e pequenos gingares de anca para os menos resistentes à fadiga – pormenor este que só ganha com a produção à clássico do rock, fruto das gravações live que osBlack Bombaim não conseguem evitar.
O som dos Black Bombaim, no qual se ouve um baixo, uma guitarra e uma bateria, por oposição ao processamento e aos overdubs da música actual, quando se alia ao sax de Steve Mackay, no lado C, prova que, de alguma forma, a teoria da relatividade de Einstein se pode aplicar ao rock e que os barcelenses conseguiram, mesmo, voltar aos anos 70 durante as suas viagens pelo espaço sideral, naquilo que é uma malha de estrutura tão Pink Floyd que dói de bom. Por outro lado, e devido à mesma característica, a violência do disco não passa de uma amostra do que a banda está a oferecer, de momento, ao vivo, sendo por isso mesmo o seu segredo mais mal guardado, visto estar à disposição de qualquer abanador de cabeças.
Titans prova que os Black Bombaim começam a ser pequenos demais para ficar por Portugal. Mas, por favor, não os mandem embora – é o meu desejo de requinte que o pede.