Este disco pressupõe uma série de constatações:

A primeira das quais é simples. Os Bat for Lashes são um dos projectos mais dignos e interessantes que surgiram nos últimos anos.

A segunda, relaciona-se com o facto de Natasha Khan ter um dos timbres mais carismáticos, pertinentes, envolventes e, porque não, sensuais da actualidade.

A terceira constatação surge já com The Haunted Man. Se muitas bandas caiem ao segundo disco, depois de uma estreia promissora, os Bat for Lashes não sofreram desse mal, e acabaram por passar, com Two Suns, esse teste com suplementar distinção. Contudo, é com o novo álbum que o arrojo e as grandes canções se mostram mais distantes.

Assim, na estreia com Fur and Gold, a banda de Khan conseguiu um reconhecimento e uma extensa atenção que, diga-se, se apresentava mais que legítima, com um longa-duração repleto de grandes temas e emoções. Há que reconhecer que os últimos dois registos viviam muito à volta daquilo que compreende a voz da rapariga de ascendência paquistanesa. Desta feita, esse factor não parece ser suficiente e, em alguns casos, até aparenta estar sumido. Não se vislumbram aqueles momentos cheios de aura, carisma, sensualidade, em que o seu timbre vocal se torna respirado. Na verdade, não há em The Haunted Man nada capaz de competir com as dezenas de temas criados no passado.

Mas nem só da voz se ressente o sucessor de Two Suns. Instrumentalmente é insuficiente, o que torna ainda mais notória a sua falta de envolvência e capacidade atractiva, que se encontram normalmente nas suas composições. Não é emotivo, não é melancólico, não é aconchegador, nem nos faz acompanhar o seu percurso.

The Haunted Man não é, contudo um álbum fraco, tem algumas canções como Laura ou Marilyn que têm os seus méritos, mas não fogem da mediania, algo com que os Bat for Lashes nunca nos brindaram. Estaríamos, portanto, mal habituados.