Apenas os mais desatentos terão ficado surpreendidos ao testemunhar uma Incrível Almadense esgotada e de braços abertos para receber os Amon Amarth. Os suecos, fruto de uma estrondosa primeira década do séc. XXI, entraram para o lote dos grandes nomes do metal e, actualmente, é raro o ano em que não encabeçam longas digressões europeias. Depois de por cá terem estado a abrir para Dimmu Borgir em 2007 e de terem sido headliners da edição 2009 do Vagos Open Air, os Amon Amarthfinalmente tiveram direito a compartilhar um concerto em nome próprio com o público português.

Uma das (muitas) vantagens de ter uma grande e devota base de fãs é que, em caso de surgir alguma adversidade, a plateia permanece em sintonia com a banda. Assim foi ontem, quando os suecos entraram no palco da sala almadense. O som embrulhado em War of the Gods e Runes To My Memory não pareceu incomodar os presentes, que de imediato se entregaram de corpo e alma ao categórico death metal melódico dos homens de Estocolmo. Deleitando-se com os frondosos coros, que acompanhavam cada palavra e cada riff debitado pela banda, osAmon Amarth foram fazendo da Incrível Almadense o seu épico ringue de batalha. De tal forma que, aquando da incontornável The Pursuit of Vikings, o vocalista Johan Hegg pegou na sua câmara e filmou a efervescente plateia, rendida ao som do quinteto.

É, no entanto, impossível não reparar que Surtur Rising ainda está longe de ser um álbum bem assimilado por aqueles que gostam deAmon Amarth. Apresentando sete faixas do seu mais recente disco, os nórdicos foram, aqui e ali, perdendo algum balanço, fruto de um maior esmorecimento dos presentes – a estrutura repetitiva de muitas das músicas escolhidas também não ajudou. Tentando evitá-lo, Johan Hegg dirigiu-se múltiplas vezes ao público, elogiando-o e espicaçando-o para emblemáticas faixas como a velhinha Ride For Vengeance ou o consagrado hino Death In Fire, que serviu como música final antes do encore e que despoletou novamente a completa desordem na plateia.

Incentivados pelos cânticos, os Amon Amarth regressaram ao palco para selar com chave de ouro a sua actuação. Twilight Of The Thunder God encostou em definitivo o público às cordas, que respondeu entoando de forma ensurdecedora cada sílaba do single que marcou 2008. O xeque-mate foi alcançado porGuardians of Asgaard, o ponto de exclamação numa noite em que Almada foi tomada de assalto por uma armada viking que parece ter ainda muito para dar.

Os gregos Septic Flesh têm acompanhado os Amon AmarthEuropa adentro e a Incrível Almadense não foi excepção. Actuando perto de uma hora, a veterana banda de death metal sinfónico sofreu igualmente com a medíocre qualidade de som e com a ausência de Sotiris Vagenas, guitarrista encarregue de complementar Spiros Antoniou nas tarefas vocais. Um Spiros que se mostrou estranhamente comunicativo e, até, descontextualizado daquilo que se espera de uma banda que tem como característica principal um som soturno e ambiental. Ver alguém que é líder de um grupo assim pedir uma wall of death não deixar de ser caricato, mas, como é tradição, o público português foi cordial e recebeu bem os senhores de Atenas,que se despediram com Five-Pointed Star.