De uma forma muito simples e porventura pouco esclarecedora,Occult Rock soa grande. Trata-se de um álbum duplo, totalizando oito músicas bem compridas (apenas uma dura menos de dez minutos) baseadas num desenvolver muito lento de passagens bastante rápidas, isto é, com as mudanças a ocorrerem subtilmente durante repetições e repetições, tudo com um som extremamente cheio e polido, um pouco à imagem daquilo que acontecera na colaboração com Der Blutharsch and The Infinite Church of the Leading Hand o ano passado. Convém aliás referir que, por exemplo Occult Rock IV, é basicamente A Collaboration IIfeita só pelos Aluk Todolo. Assim, o novo trabalho esclarece que a evolução no som da banda era mesmo onde esta queria chegar e não só fruto de não estar a gravar sozinha.
Occult Rock marca também um afastamento definitivo do espectro black metal, apenas reminiscente no ataque frenético em que consiste a primeira música (executado pelos padrões actuais da banda) e nalguma atmosfera ou som de guitarra aqui e ali, já que a estrutura e corpo daquilo que se ouve é muito mais guiado pelos hipnóticos padrões de baixo e bateria, que formam um fio condutor de construções rítmicas com tanto de ritual como de urgente e onde a guitarra se limita (no bom sinal, entenda-se) a pincelar de psicadelismo e atmosfera, sem produzir riffs propriamente ditos.
Isto não quer dizer que não haja variedade no álbum, já que esta estrutura é abordada de várias formas diferentes, desde a violência do primeiro tema que nos puxa para o centro do turbilhão musical que se segue, ao desacelerar constante do último, que ao atingir níveis de doom, curiosamente nos liberta do torpor em que por essa altura nos encontramos. Pelo meio, refira-se por exemploOccult Rock III, que se arrasta durante grande parte da sua duração, tendo no entanto uma deliciosa explosão de intensidade durante dois dos seus dez minutos; ou o turbilhão de bizarria psicadélica a ritmo quase constante em que consiste Occult Rock VII. Mas mais que variedade na abordagem, é a qualidade da mesma que ressalta, a capacidade de contrastar frenesim e contensão e torná-los compatíveis como acontece na genial Occult Rock VI, pela forma como, só com baixo e bateria, reduzem o tempo e aumentam a tensão mantendo sempre o groove inicial enquanto se prepara um regresso quase desesperado da guitarra para o grandioso final.
Quando os Aluk Todolo apareceram a grande referência ao seu som era ser uma mistura de krautrock e black metal, isto é, misturar a estranheza de um com a frieza do outro. Ao terceiro longa-duração, os franceses puseram de parte grande parte do gelo, retendo no entanto um peso e uma afinidade para o extremo que era tudo quanto aparentemente precisavam para produzir um monstro como este.