A noite não esteve tão composta como merecia. Mas se fosse Barcelos, seria diferente, porque era esta a cidade, o grande jardim de flores musicais actuais, também conhecida como a Seattle de cá, que estava representada no palco do Santiago Alquimista. No entanto, o público não chegou a ser representativo de nada, o que não invalidou as prestações dos ALTO! e dos Black Bombaim.

As festas começaram com os anfitriões desta noite de sexta, os ALTO!, com a apresentação do novo EP Computer Says NO. Com membros de várias bandas barcelenses, incluindo dos próprios Black Bombaim, este quinteto atacou em grande com a sua versão mais robusta e viril daquilo que os Ramones poderiam tocar. Reformulando, se os Ramones conhecessem mais uns quantos acordes, tivessem umas distorções a sério e uma tendência para rockar mais virada para os riffs, provavelmente tinham aparecido em Barcelos uns 30 anos mais tarde e chamavam-se ALTO!. E, já agora, se as músicas deles não falassem de ir para algum lado, mas sim de “pussy”, nas suas mais variadas formas, doenças, consequências (que pode ir desde sífilis a “levar na boca durante a noite,” como explicou o vocalista.). Os ALTO! fazem música divertida, para bater o pé, com boa ‘riffaria’ e super-indicada para homens de barba rija e para a mulher portuguesa, de bigode à Humberto Coelho e pelo na venta.

O concerto destes rapazes, com bateria, guitarra, outra guitarra que às vezes cedia lugar aos teclados, baixo e voz, começou com Gin Tonic, gritando-se bem alto “A-L-T-O”, redundâncias à parte, e passou pelos hits-em-potência Syphillis e Pussy. Mesmo que a banda, musicalmente irrepreensível, não fosse a coisa mais dinâmica em palco, a vivacidade e presença do vocalista enchiam a vista e faziam tremer o coração: corria de um lado para o outro, gritava, gemia, “roubava” cerveja a membros da plateia, fazia malabarismos perigosos para todos os presentes com o tripé do microfone e chegou mesmo a rastejar “sensualmente” com o microfone enrolado no pescoço, naquilo que foi uma possível versão roqueira do sadomasoquismo.