Um dos aspetos que mais se destaca neste disco é a maior projeção que Damon McMahon dá à sua voz, afirmando-se de forma confiante como pilar de todo trabalho. Quando puxa pela voz, o seu timbre trémulo deixa uma marca caraterística, da mesma forma que Dan Bejar o faz nos Destroyer. Ambos têm em comum encabeçarem projetos que são na sua gênese aventuras a solo.
Em “Love”, Damon não se quis soltar sozinho e contou com a colaboração de Jordi Wheeler e Parker Kindred, assim como membros dos Iceage (Elias Bender-Ronnenfelt) e Godspeed You! Black Emperor (Efrim Menuck e Dave Bryant), não esquecendo o sopro do saxofonista Colin Stetson.
Sem querer particularizar o que cada músico fez, a verdade é que ao nível de arranjos, a inclusão do saxofone, vários efeitos, algum arrojo nos instrumentos de cordas, etc., faz com que o som de Amen Dunes se torne mais rico e em alguns casos capaz de nos induzir em devaneios psicadélicos bem relaxados (fruto de alguma sujidade lo-fi e baforadas de reverb). Podem-se estabelecer paralelismos com os devaneios folk de Syd Barrett ou dos Espers, colocando o nome de Amen Dunes a navegar nas linhas da melhor folk americana.
Neste trabalho, Damon mostra que é capaz de ir mais além, seja pelas variações dignas duns Grizzly Bear ou explorações melódicas à Bon Iver, atingindo uma maturidade que se traduz num belíssimo disco de folk psicadélica. Simples mas profundo.