Resposta ao primário anseio: sim, os Torche estão mais pesados.

Esse facto não estava, de todo, assegurado. Primeiro, “Harmonicraft” espetou-nos há três anos a maior lambidela pop – ainda escorremos baba de tanta fofice, unicórnios e catchiness. Depois, os Floor reapareceram quando os julgávamos bem aconchegados por um balde de cal e uma dúzia de anos no purgatório dos missing in combat.

É que essa ressurreição extemporânea poderia ter arrumado de vez os Torche. Afinal, os Floor sempre foram a sua versão supra alfo-macha, de pelo no peito e um armário cheio de primeiras edições dos Cavity. O reencontro de Steve Brooks com a banda que lhe preencheu a rotina no virar de milénio e, por conseguinte, com os riffs brutamontes, poderia levá-lo a usar os Torche apenas para engatar miúdas nas praias de Miami.

Sosseguem: “Annihilation Affair”, logo em jeito preambular, é capaz de ser a malha mais primitiva desde “Charge Of The Brown Recluse”. Truculenta, onde as guitarras rosnam como cães de guarda na trela do corpo de intervenção e o feedback quase lhes dá entrada para o No Fun Fest. E se fosse a única faixa toda javarde… Não é. O groove da curtíssima “Undone” é outro aligatormal-disposto por lhe perturbarmos o descanso e “No Servant” é umspring break de graves vibrações e amplificadores a derreter ao sol. Cheira a sludge, é sludge, mas daquele nutritivo e não comiserador.

É até injusto truncar este álbum por faixas. Não há fillers, não háchouriço a fazer de conta, nem um acto falhado por desinspiração ou cansaço. São os Torche no reequilíbrio que os torna vitais: num prato, o peso em carne viva de barba por fazer; no outro, os pés enterrados em South Beach cantarolando a melodia mais orelhuda para as surfistas que passam.