Amber Asylum
Drone | Ambient

Sabem aquele violoncelo que se escuta no “Souls At Zero”, “Through Silver In Blood”, “Times Of Grace” ou “A Sun That Never Sets”? É tocado pela Kris Force, senhora que tem nos Amber Asylum o seu projecto-mãe. Editaram novo disco há pouco tempo e, ao vivo, até costumam ter uma mãozinha do Steve Von Till. Ou seja…[EP]

Anasazi
Deathrock

Apanhei por aí há uns tempos um excelente artigo da CVLT Nation sobre o que é deathrock e o que não é deathrock. Anasazi é deathrock. Vê-los em Londres no mês passado foi o mais próximo que daqueles tempos em que o Douglas Pearce lia sobre o nacional-bolchevismo nos intervalos de Crisis. “Nasty With Rock” é a consciência do vazio e um dos melhores álbuns de 2015. [PS]

Big ‡ Brave
Drone | Experimental

Outra banda que me esbardalhou todo quando em Novembro os apanhei em Dalston. Já não há muitos concertos que no dia a seguir me provoquem aquela tesão de ir a correr para o computador ou para o leitor de vinil ouvir a discografia de fio a pavio. Infelizmente a de Big ‡ Brave ainda é curta, mas já tem um “Au De La” que mais parece algo entre a Chicago esquizoide da Touch And Go, as emboscadas no wave que os Swans largavam em NYC e as lambidelas da Björk num vulcão islandês. [PS]

Bismuth
Doom | Drone

Deste arroz eu como às pazadas. O feedback em motriz-caracol, os riffs esgazeados, uma tipa passada dos carretos a emular qualquer coisa de profano estilo Runhild dos Thorr’s Hammer… Não recomendado a quem sofre de défice de atenção, que isto é material patient-tester. [PS]

Cadáver Em Transe
Post-punk

É normal que uma cidade infestada por dez milhões de pessoas como São Paulo feche em si vários segredos. Um deles é sua a cena punk, criteriosamente construída pelos libertários que se dividem entre os d-beat lovers e os urbano-exilados com discos de The MobPiL ao colo. Os Cadáver Em Transe fazem a ponte entre esses velhos hemisférios, pedindo ao futuro que lhes traga o apocalipse prometido por Amebix. O novo 7” pela Iron Lung é essencial. [EP]

Destruction Unit
?

O ponto de interrogação é de fácil justificação, porque eu nunca sei muito bem o que escuto em ponho Destruction Unit. Um canhão que dispara ácido, metanfetaminas, garage, psicadélico, um monte de cenas numa cambalhota viscosa que só acaba no bar mais próximo com outra garrafa de bagaço na mão. O “Negative Feedback Resistor” devia ser acusado por atentado ao pudor de tão obsceno. [PS]

Dope Body
???

Pior ainda é tentar escrever sobre aquela realidade que os Dope Body parecem apenas cochichar entre si. São hiperactivos, andam sempre a mil, têm o funk nos joelhos e o caos na testa. Vêm de Baltimore, o vocalista tem por hábito limpar o chão onde pisa critercom a própria pele e o baterista, bem… o baterista ao vivo  é uma granda besta. “Kunk” vai provavelmente acabar no nosso top de 2015. [EP]

Dopethrone
Scum Fuck Blues

É poupar nas palavras e ver isto:

Fejhed
Harsh Noise | Industrial

Jesse Sanes cansou-se de partir o nariz e andar à porrada em Hoax. Ligou à Puce Mary, dinamarquesa que é tipo a Pharmakon dos fiordes (melhor, até), e juntos criaram Fejhed. Uma roldana industrial que arranca cabeças e cospe dentes por sadismo. É coisinha para magoar. [PS]

Flesh World
Post-punk

A ingenuidade na voz da Diane Anastasio é só aparente. Ela, como todos os outros que materializam Flesh World, tem histórias que se calhar podem nem ser ditas, feitas nessas madrugadas de Brilliant Colors ou Limp Wrist. Reúnem-se em “The Wild Animals In My Life” para assunto post-punk: desafinado, retro, inocente, meigo. [EP]

Fórn
Doom | Sludge

A genealogia de Fórn anda algures entre Grief e Thou, assimilando a bestialidade de uns e a melodia de outros. O resultado para mim é a melhor banda doom que anda por aí, ladeados de perto talvez por Primitive Man. O novo EP então dá-me mesmo vontade de dizer isto: como é bonita a puta da tristeza. [PS]

Grave Babies
Post-punk | Goth

A decadência moral celebrada em gordas linhas de baixo, um missionário gótico com voz de barítono a nasalar, aquela reverb que vai à garagem dos oitentas limpar o pó aos sintetizadores. É o retro-niilismo de “Holographic Violence“. [EP]

Heather Leigh
Experimental | Folk

Assumindo que nesta altura de campeonato todos sabem quem é o Stephen O’Malley, e que por isso lhe conhecem o alter ego editorial Ideologic Organ, então fica mais fácil explicar Heather Leigh. Pertenceu aos Charalambides e hoje prefere andar sozinha de folk meio visionária às costas, afastando os perigos da estrada com o caleidoscópio do experimentalismo. O novo “I Abused Animal”, lançado pelo homem Sunn O))), é coisa para meter a redacção da Wire a babar por mais. [PS]

Internazionale
Electronic | Minimal

Para ser sincero, eu nem sei bem se o Mikkael Dunkerley alguma vez apresentou Internazionale ao vivo. Mas o novo “Elegy For The Victors” é tão bom que merece conhecer caves, grutas, ermos, salas, teatros, avenidas, becos, ruelas, charnecas e festivais. Porque o William Basinski não tem nem pode ter o monopólio destas coisas da electrónica com febre de Morfeu. [PS]

Iron Lung
Powerviolence | Noise

Já fiz muito por estes gajos. Cada vez que metem alguma coisa à venda na sua label, lá estou a puxar do cartão de crédito. Vi-os num prédio a cair de podre em Peckham, com tudo à chapada, numa noite que serviu para ter a certeza de que eles são responsáveis por todos os Full Of Hells que andam aí. Não sei… São daquelas bandas que mudam vidas e perspectivas. Afinal é só preciso uma bateria e uma guitarra. Para o resto temos o ódio. [PS]

KEN mode
Noise Rock

Quando cá estiveram com Kylesa, foram na boa a melhor banda que o Santiago Alquimista viu. Passaram uns aninhos e, feito esse enorme “Success” com produção Steve Albini, está na hora de cá voltarem. [PS]

Lubbert Das
Black metal

Conheci este projecto graças ao trabalho de campo feito na Holanda pelo nosso escriba Luís Pires. O black metal majestático e atmosférico destes jovens, fragmentado pelo nevoeiro e pela filologia, é bem mais do que uma grosseira simulação de Bergen circa 1991. Há aqui uma cena urgente, um grito que vem daquela criatura Thounesca acorrentada ao fundo do oceano. Nem quero imaginar esta porra ao vivo. [PS]

Lucrecia Dalt
Electronics | Experimental

Uma colombiana que se mudou para Berlim a fim de plastificar o seu som, manipulando-o, adulterando-o, mecanizando-o e oferecendo-lhe uma vida em loop. O novo álbum saiu há apenas uma semana pela Care Of Editions. [EP]

Masayoshi Fujita
Ambient | Neo-classical

Erased Tapes tem o desígnio de encontrar música bonita, seja no piano de Lubomyr Melnyk ou nas aventuras de Nils Frahm. Descobriu também este ano Masayoshi Fujita, um japonês que faz paisagens à mão num vibrafone. Como prova “Apologues”, é material que resulta muito bem se estivermos mais tristes do que chateados. [PS]

Mgła
Black metal

Porque são uma das melhores bandas europeias do género e porque o novo disco é óptimo. [PS]

Nightslug
Sludge

Estes alemães deviam receber um subsídio do Estado para não saírem de casa sequer. Ou então era metê-los em quarentena e esperar pelo melhor. Quando este disco me veio parar às mãos no verão fiquei estúpido com a fanfarronice do baixo, todo solto, todo grave, todo porco. Um perigo para a saúde pública, desinfecto-me todo a vez que o ouço. [PS]

Protomartyr
Post-punk

É que a nossa review ao novo “The Agent Intellect” diz tudo:

«Arranjaram-se os Protomartyr, bons, miuditos atrás dum homem que se acha velho, que se acha barrigudo, que se deprime por todos os negócios que fecham numa Detroit em estéril bancarrota, Estado que se fosse um país se calhar também tinha a pila do Schauble entalada no cu, economias que nos dão a provar a depressão numa colher cheia de bolor. Não havia o Joe Casey de ser um gajo triste, ainda que agora lhe e nos queiram convencer que ter dadbod é atraente, mas de que é que isso interessa num mundo horrivelmente real, onde por muitas cambalhotas que demos lá fica este vazio…» Vimo-los no Le Guess Who? e a boa opinião mantém-se. [EP]

Prurient
Noise

Para além daquela faculdade biótica que lhe permite desdobrar-se em Vatican ShadowExploring Jezebel ou Rainforest Spiritual Enslavement, o miasma electrónico de Dominick Fernow condensa-se na estridência capital que é Prurient. O ruído enquanto salvação, ou então apenas profilaxia do momento, vem dos tempos físicos de um No Fest em tronco nu, até ao actual “Frozen Niagara Falls” – duplo LP, obra-prima, «a nostalgia enquanto revisionismo histórico» como se pudéssemos cumprir o velho desejo de travar o tempo e os rios. Não podemos. O melhor a fazer, então, é gritar. [EP]

Puce Mary
Power Electronics | Noise

Já falámos dela em Fejhed. Tem cara de anjo, mas experimentem meter-se à frente dela ao vivo… Levem tampões se isso acontecer. [PS]

Scout Paré-Phillips
Folk

Dais Records, editora que vale bastante a pena seguir de perto, compara-a ao Nick Cave e à Diamanda Galás, com razão de ser. Basta escutar “Head The Call” para entender que esta mulher tem qualquer coisa de venéreo e/ou demoníáca a correr-lhe pelas pernas, braços e pescoço. [PS]

Them Are Us Too
Dream Pop

Para não dizerem que isto é tudo uma cambada de brutos, aqui fica outra pérola de 2015 largada em cima deste mundo pela Dais. O projecto de Cash Askew e Kennedy Ashlyn Wenning é bem fofo, cantado ao sintetizador, mas com aquele fatalismo teenager que acaba em dez frases feitas, cinco GIFs e fotos de gatos no Tumblr. E o pior é que soa bem. [PS]

Tropic Of Cancer
Darkwave | Shoegaze

O beijo na bochecha ao Henry Miller não é tonto ou desmedido. Tropic Of Cancer, de Camella Lobo, tem aquela lascívia que me faz sentir adúltero ou pecaminoso sem sequer sair de casa. Esta mulher é um perigo. [PS]

Wailin Storms
Post-punk | Blues

Imaginem que era possível combinar Wovenhand com os fantasmas que se perderam pelos pântanos do Mississippi. Wailin Storms é esta realidade mestiça entre o folk norte-americano e os graves de Manchester, com um disco de estreia que não nos deixa mentir. [EP]

White Lung
Punk | Post-punk

Estas miúdas… Não me espantou vê-las capturadas pela Domino. E a Mish Way tem um feeling do caraças ao vivo e escreve reviews de Glue para a Talk House. Nem há muito mais a dizer. [PS]

Wrekmeister Harmonies
Experimental | Drone

Somos fanboys assumidos deste projecto, que mete lá dentro metade do underground norte-americano. A oportunidade de o ver ao vivo, seja lá com quem for – de Lord Mantis Bell Witch – não só não pode ser recusada, como seria festejada à grande por aqui. Imaginem testemunhar “Night Of Your Ascension” com The Body em palco. Pois. [EP]