Numa noite em que a palavra falhadice funcionou quase como contra-senha para entrar no LX Casting Club, a tarefa de adivinhar como terá decorrido o resto do serão torna-se fácil. Se em tempo de guerra não se limpam armas, numa festa das Twisted Sisters o rock também não se pretende polido: quer-se sujo, vintage e regado a cerveja.

As festividades iniciaram-se com os Crepúsculo Maldito e o seu punk de inspiração d-beat, berrado por duas vozes – uma feminina e outra masculina. Em quarenta minutos, a banda foi despejando a sua discografia, enquanto tecia loas à cerveja, combustível essencial numa performance dos Crepúsculo Maldito. Para o fim, e já com a sala bem composta, houve tempo para homenagear Ratos de Porão com Pobreza FMI, duas músicas do grupo brasileiro.

Seguiram-se os Reis do Asfalto que, a par dos Zundapp Speedkings, trouxeram a Alcântara um rock n’ roll de homenagem à vida outlaw, onde a estrada e as mulheres são parte essencial. Se os Reis do Asfalto tiveram algumas dificuldades em agarrar o público, algo que os próprios músicos reconheceram em palco, já os Zundapp Speedkings meteram os presentes na palma da mão, com muitos a entoarem vários dos temas do grupo.
Ambas as bandas estiveram longe de procurar a perfeição técnica e preferem dar primazia à festança, o que acabou por se coadunar na perfeição com o ambiente que se fazia sentir no LX Casting Club.

Os Göatfukk, que se estrearam em Abril passado no encerramento do SWR Barroselas Metalfest, mostraram-se agora bem mais coesos em palco. Drunk, Slut, 666 já se tornou um estandarte oficial da banda – o tema, desta vez, foi dedicado a Amy Winehouse – e o black n’ roll do quarteto parece ter, ao vivo, mais do que potencial para tornar os Göatfukk presença assídua e assertiva em qualquer cartaz extremo. Obrigando a plateia a render-se ao mosh e ao crowdsurf, a banda decidiu terminar com uma cover de Darkthrone, já depois de ter revisitado os também escandinavos Wolfbrigade.

Aos Inquisitor foi incumbida a missão de encerrar a noite, no que aos concertos diz respeito – ainda houve direito a três DJ sets no afterhours. Apesar da sua juventude, o grupo dedica-se a tocar um thrash/speed bem old school, com passagens que os poderiam colocar no ramo blackened do género. Um pouco afectados pelos problemas técnicos na bateria, os Inquisitor, ainda assim, agarraram a plateia e foram, provavelmente, a banda mais saudada de uma noite que já ia bem longa. Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing dos Discharge provocou uma invasão de palco e Speed Metal Legions, faixa original da banda, acabou por tocada duas vezes, uma delas a colocar um ponto final na actuação, depois de muitos terem sido os pedidos para o grupo tocar “mais uma”.